PARTE I

Descobrindo a surdez (diagnóstico)

Meus relatos de como descobri minha surdez serão um tanto longos. Por este motivo, dividirei em partes para não cansar você, leitor.

Parte I
No ano de 2009 eu ainda não tinha me formado, faltava pouco, mas trabalhava como estagiário na escola do Sesc – Serviço Social do Comercio e era Instrutor pedagógico e de canto no projeto da Secretária Social de Parnaíba. Neste mesmo ano eu já havia percebido algo de estranho com minha audição. Eu já não conseguia atender ligações usando o ouvido direito. Ás vezes eu não conseguia entender. Mas logo eu trocava, colocava o celular do lado esquerdo e pronto, tudo estava resolvido. Ou seja, minha audição esquerda compensava a direita. Mas eu nunca alarmei ser algo para me preocupar. Eu achava ser fácil de resolver, uma limpeza, quem sabe! E só prometia a mim mesmo ir visitar um otorrino e nisso, se passaram quatro anos, quando no final de 2013, agora já formado e funcionário efetivo da Prefeitura de Tutóia – Ma e prestador de serviços na Secretaria de educação do estado do Piauí, por volta da primeira quinzena do mês de dezembro daquele ano, amanheci com algo diferente. Era uma sensação estranha. Estava acontecendo algo no meu ouvido direto, o mesmo que eu em 2009 já havia notado não poder atender o telefone. Era como se meu ouvido estivesse superficialmente tapado e um zumbido longe. Eu nunca tinha sentido aquilo. Mas eu não atribuí ser algo relacionado ao que eu já havia percebido em 2009. Eu achava ser um forte resfriado e que somente tomando vitamina C e antigripais eram o suficiente e assim eu fiz.
Passaram-se 10 dias e nada mudou. Foi então que comecei a me preocupar. Comecei a ficar nervoso. Cheguei a falar somente com amigos o que estava acontecendo e resolvi tomar a iniciativa de ir ao otorrino. Meu amigo que se chama Rondinelle Araújo me acompanhou, porque de lá iríamos resolver outros assuntos. Fui atendido pelo otorrino. Eu esperava que ele dissesse o seguinte: – Michel, achei uma cera seca aqui e vou remover e tudo vai voltar ao normal. Mas não foi o que ele disse. Falou que meu ouvido externo estava perfeito, muito limpo e que o problema só poderia ser no ouvido interno. Receitou um medicamento e pediu que eu o tomasse por 15 dias e se não surtisse efeito eu voltasse para ele tentar descobrir o que era. Naquele momento o meu mundo desabou, eu já estava nervoso e com as palavras do médico, fiquei mais ainda e lá no fundo do meu coração eu sabia que iria ficar surdo. Rondinelle conta que quando sai da clínica minha fisionomia era de assustado. Resolvi logo ir para casa e ele sempre tentando falar palavras de força e que não seria nada demais.
Ao chegar em casa, gritei por minha mãe e disse: – Mamãe, vou ficar surdo. Foi então que conversei sobre tudo o que estava acontecendo e ela pediu para eu me acalmar. Ela achava que era exagero meu. Mas fiz um alarme em casa, que ela acreditasse em mim e fosse comigo atrás de uma segunda opinião. Devido a gastos extras com outras coisas, eu havia acordado um empréstimo com meu amigo Rondinelle para irmos à capital do Piauí, Teresina, polo em tratamento de saúde no Nordeste. Mas já estava próximo das festas de final de ano. Resolvemos ir somente no início de janeiro, pois muito provavelmente as equipes médicas estariam de recesso.
Fui passar o réveillon na casa de praia da minha amiga Leidy Thomas, coisa que eu sempre fazia. Mas todos já haviam percebido que eu estava estranho, eu também evitava falar sobre o assunto. Até para minha namorada da época eu evitava falar sobre o que estava acontecendo. Mas não conseguia esconder por completo minha tristeza e preocupação.

Cheguei a voltar para casa antes de todos e certa vez, já por não aguentar muito, liguei chorando para a Leidy e disse que iria ficar surdo. Ela sem entender muito o que estava acontecendo, tentou me dá forças. Eu já começava a ficar muito abalado. O próximo passo foi terminar o namoro. Eu já não via motivos para estar com ela. Muita coisa se passava na minha cabeça: que mulher vai querer ficar com homem surdo? (vejam só os meus preconceitos!) Resolvi dá outro motivo para findar o relacionamento de quase 3 anos e assim o fiz. Ela mesmo sem entender nada do que estava acontecendo, teve de aceitar.

Então chegou o dia da viagem à capital, que será a Parte II (Caro leitor, para acessar a PARTE II é só clicar na próxima aba abaixo desta. Conto com sua leitura. Abraço!)